quarta-feira, 23 de abril de 2008

A batalha!


Um longo período se estendeu até que o start fosse novamente apertado. Aquela era uma situação inusitada, inédita. Desde que começara a confrontar suas deficiências e habilidades frente ao velho televisor preto e branco, não se recordava de ter vivido situação semelhante. Levantou calmamente e foi até o console, munido da velha calma de sempre, tentou por um momento sentir o que aquele pequeno objeto poderia lhe dizer. Foi pego de surpresa pela breve loucura que o acometera. Como poderia conversar com um objeto eletrônico? Talvez fosse hora de parar e ir para a cama. Se o start fosse novamente apertado, poderia correr o risco de terminar a noite no mesmo lugar que começara o dia. Além do mais, já estava farto de ouvir que suas notas estavam baixas e não possuía novas desculpas para justificar seu próprio fracasso. Afinal, até a velha professora que por tantas vezes acusara de te-lo perseguido, havia se aposentado. Mas lera em uma revista de games que aquela era a última fase do jogo, portanto, não custaria tentar uma vez mais. Tirou o cartucho cuidadosamente e usou a velha e infalível técnica do assopro. Usando uma ponta da camiseta limpou com uma quantidade pequena de cuspe e voltou a encaixa-lo no console. Pressionou o power e lá estava novamente a imagem que por um breve segundo chegou mesmo a acreditar, não existiria mais. Imagem e som, era hora de apertar o start e dar continuidade à sua interminável batalha.