terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Faroeste e videogames, ou, Porque John Ford jogaria videogames se não tivesse morrido em 1973

Quando eu era criança, o brinquedo que tomava a maior parte de meu tempo livre não eram os videogames. Talvez pelo fato de seu uso ser regulado em minha casa, afinal, segundo minha família, eles eram terríveis aparelhos capazes de estragar televisores dos mais diversos modelos. Meu brinquedo favorito era o Forte apache. Diorama, era isso que nós fazíamos, aprendi anos mais tarde, já na faculdade. Aquilo que fazíamos, quando pegávamos as figuras, índios e soldados e montávamos cenários de batalhas incríveis no forte ou no acampamento indígena. Talvez a minha geração tenha sido a última a se divertir com o clássico brinquedo "Forte Apache". Seja brincando de Forte Apache, lendo os quadrinhos luxuosos de Rino Albertarelli ou assistindo matinês de Faroestes B na TV Record, esse cenário "oestino" sempre me fascinou.


O jogo aí ao lado foi o primeiro videogame de faroeste que conheci: "Duelo no velho Oeste", tradução do jogo americano Gunfighter, do Odyssey2. Acho que esse foi um dos games que mais joguei no velho Odyssey, mais pelo fato de ser um jogo de Faroeste do que por qualquer outra coisa. Aliás, as caixas dos jogos do Odyssey são um caso a parte. Não é a toa que é um console altamente colecionável. A foto abaixo mostra o gameplay do jogo.









Quando comecei a freqüentar o fliperama de Frutal, um ambiente deveras saudável para um garoto de uns 8 anos, me deparei com um jogo que me chamou a atenção de imediato. Era o clássico Gun.smoke, mas nós o chamávamos de Faroeste mesmo... O gabinete era convidativo e me lembrava a capa de "Duelo no Velho Oeste", embora aquela imagem fosse apenas um clichê do gênero. Na prática, porém, eu achava aquele jogo muito difícil. Mas isso não me impedia de gastar várias e várias fichas, sempre com aquele cara, geralmente mais velho, pedindo pra passar de fase pra gente, o que era recusado de imediato.






Com o passar dos anos, quando o Odyssey já parecia velho e bobo demais para ser jogado (que me perdoem os deuses do videogame), eu tentava descobrir novos jogos desse gênero que tanto me interessou. Folheava a Ação Games e a Videogame em busca de informações, mas eram poucos e raros os jogos ambientados .


Então veio o Super Nintendo. E com ele um dos melhores jogos que a Konami já produziu: Sunset Riders. Creio que Sunset Riders era tudo o que sonhava em ver em um videogame de faroeste. Era divertido, muito engraçado, repleto de malfeitores, diligências e tiros... Muitos tiros... Sunset riders é um desses jogos que você jamais esquece. PS: A foto aí ao lado é a versão do arcade.






Quando, em 1995, um dos primos de um vizinho trouxe aquele maravilhoso 3do, meu objeto de desejo número 1 naquele momento, um jogo me chamou minha atenção, mais até do que o "Need for Speed", um dos principais destaque do console. Não era um jogo como os outros, era um filme. E um filme de faroeste! Eu queria ter jogado mais tempo na ocasião, mas, como todos só queriam saber de NFS e eu não podia reclamar, só tive a oportunidade de jogá-lo direito anos mais tarde. Mad Dog é um daqueles casos clássicos: ou você ama ou odeia. A jogabilidade dos jogos em FMV é limitada, naturalmente, mas pra mim, isso nunca tirou o brilho desses jogos. Além do fato de serem mais do que uma inovação para a época.



O jogo mais recente de faroeste que joguei foi Red Dead Revolver. Embora, em minha opinião, não tenha mais aquele charme de antigamente, é um jogo interessante, embora pra mim Red não é nome de pistoleiro! Foi um dos poucos jogos de PS2 que tive paciência de jogar até o fim.

sábado, 1 de dezembro de 2007

O comunismo e os videogames

Uma das indústrias mais lucrativas no ramo do entretenimento, o videogame é fruto exclusivo do sistema capitalista. Será? Há quem diga que o personagem símbolo da Nintendo e o jogo em si mantêm uma relação íntima com o regime comunista. Roupa de operário (encanador?) vermelha e bigode, seria o Mario um retrato pixelizado de Stalin? Veja a foto ao lado e tire suas próprias conclusões.




De qualquer forma, essa relação comunismo/videogames sempre me interessou. Há uns anos atrás, enquanto eu pesquisava jogos do Atari 2600, me deparei com um título que era no mínimo curioso. Ele havia sido lançado pela Starpath Games, especializada no lançamento de jogos em fita k7, que necessitavam do acessório Supercharger para o seu funcionamento. Seu nome era "Communist mutants from space" e na verdade era um clone de Space Invaders. Não obstante o título, com propósitos claramente anti-comunistas, o jogo pouco fazia referência ao regime. Nada de foices, martelos ou Stalins pixelizados a la Atari 2600. Os invasores nem mesmo eram vermelhos, embora todos esses elementos estivessem presentes na capa do jogo.




Abaixo, uma screenshot do game:



Sempre me perguntei o que faziam os jovens soviéticos na década de 80. Enquanto nós jogávamos Atari, o que eles fariam por lá? Será que havia algum jogo além do Xadrez? É certo que a produção de jogos não era proibida, caso contrário, o mundo nunca conheceria o puzzle mais famoso da história: Tetris. Criado por Alexey Pazhitnov em 1985, o jogo foi criado atrás da poderosa Cortina de Ferro soviética e mesmo assim ganhou o mundo, sendo adorado até hoje.












Mas engana-se quem pensa que a coisa parava por aí. Desde o fim da década de 70 até o fim da década de 80, fábricas militares soviéticas produziram cerca de 70 títulos para máquinas Arcade, desenvolvidos, segundo o governo, para "proporcionar entretenimento e desenvolver as capacidades visuais". O mais interessante nessas máquinas era que nenhuma delas apresentava High Scores, para não estimular a competitividade entre os "camaradas".


Obgon, um arcade de corrida básico super moderno. Repare que não haviam pedais de aceleração/freio nem câmbio para troca de marchas. E que gambiarra essa embaixo do volante, não?















Magistral, uma corridinha básica para 2 jogadores.
















"Ni Pukha, Ni Pera", uma espécie de Duck Hunt soviético.












Esse parece bom : " Vozdushni Boi"


















Sniper 2, um shooter com uma espingarda cheia de estilo. No entanto, ao invés de atirar em pessoas, nesse jogo você atirava em alvos em movimento. Politicamente correto!



Bem, é isso. Para maiores informações, visite o The Lost Arcade Games of the Soviet Union . Trata-se de um projeto de dois engenheiros soviéticos, que resolveram montar um museu com essas velhas máquinas fabricadas na era comunista. As máquinas acima foram fotografadas por Alexander Zaitchik e estão presentes no site.

Até a próxima!