sábado, 1 de dezembro de 2007

O comunismo e os videogames

Uma das indústrias mais lucrativas no ramo do entretenimento, o videogame é fruto exclusivo do sistema capitalista. Será? Há quem diga que o personagem símbolo da Nintendo e o jogo em si mantêm uma relação íntima com o regime comunista. Roupa de operário (encanador?) vermelha e bigode, seria o Mario um retrato pixelizado de Stalin? Veja a foto ao lado e tire suas próprias conclusões.




De qualquer forma, essa relação comunismo/videogames sempre me interessou. Há uns anos atrás, enquanto eu pesquisava jogos do Atari 2600, me deparei com um título que era no mínimo curioso. Ele havia sido lançado pela Starpath Games, especializada no lançamento de jogos em fita k7, que necessitavam do acessório Supercharger para o seu funcionamento. Seu nome era "Communist mutants from space" e na verdade era um clone de Space Invaders. Não obstante o título, com propósitos claramente anti-comunistas, o jogo pouco fazia referência ao regime. Nada de foices, martelos ou Stalins pixelizados a la Atari 2600. Os invasores nem mesmo eram vermelhos, embora todos esses elementos estivessem presentes na capa do jogo.




Abaixo, uma screenshot do game:



Sempre me perguntei o que faziam os jovens soviéticos na década de 80. Enquanto nós jogávamos Atari, o que eles fariam por lá? Será que havia algum jogo além do Xadrez? É certo que a produção de jogos não era proibida, caso contrário, o mundo nunca conheceria o puzzle mais famoso da história: Tetris. Criado por Alexey Pazhitnov em 1985, o jogo foi criado atrás da poderosa Cortina de Ferro soviética e mesmo assim ganhou o mundo, sendo adorado até hoje.












Mas engana-se quem pensa que a coisa parava por aí. Desde o fim da década de 70 até o fim da década de 80, fábricas militares soviéticas produziram cerca de 70 títulos para máquinas Arcade, desenvolvidos, segundo o governo, para "proporcionar entretenimento e desenvolver as capacidades visuais". O mais interessante nessas máquinas era que nenhuma delas apresentava High Scores, para não estimular a competitividade entre os "camaradas".


Obgon, um arcade de corrida básico super moderno. Repare que não haviam pedais de aceleração/freio nem câmbio para troca de marchas. E que gambiarra essa embaixo do volante, não?















Magistral, uma corridinha básica para 2 jogadores.
















"Ni Pukha, Ni Pera", uma espécie de Duck Hunt soviético.












Esse parece bom : " Vozdushni Boi"


















Sniper 2, um shooter com uma espingarda cheia de estilo. No entanto, ao invés de atirar em pessoas, nesse jogo você atirava em alvos em movimento. Politicamente correto!



Bem, é isso. Para maiores informações, visite o The Lost Arcade Games of the Soviet Union . Trata-se de um projeto de dois engenheiros soviéticos, que resolveram montar um museu com essas velhas máquinas fabricadas na era comunista. As máquinas acima foram fotografadas por Alexander Zaitchik e estão presentes no site.

Até a próxima!

6 comentários:

Gil Nunes disse...

Engraçado essa sua analogia e curiosidade de saber o que se passava na cabeça de um jovem soviético na década de 80. De fato, eles devem ter algum outro segredo que nós não sabemos que os entretiam demais. Mas eu ainda prefiro ficar por aqui com o Mega.
auhauhua

Fábio disse...

A seu modo a velha república sempre tinha um jeito criativo de lidar com as inovações do mundo. Não ficava pra trás, e ainda trazia conceitos como o da competição saudável. Enquanto o lado de cá ficava chamando os caras de marcianos assassinos. Ótimo tópico a se pensar um pouco sobre como as coisas funcionavam, e como nos faziam acreditar que elas funcionavam.

Fernando Silva disse...

Pois eu acho que esses arcades eram gambiarras com tecnologia copiada (mal copiada) do primeiro, mundo, de qualquer forma...
Eu fico muito feliz de estar jogando genesis enquanto os soviéticos jogavam essas porcarias... Ainda bem que hoje eles têm acesso à tecnologia decente, porque eles merecem. Merecem tudo! haha

Gil Nunes disse...

Bom, na verdade, a opinião do Fernando reflete claramente a deturpação ocidental. Mas como estamos falando de videogames, sou obrigado a concordar que os soviéticos não tinham muitas opções. Mas será que isso fazia tanta falta pra eles?
E o que eles tinham que não sabemos?

Fábio disse...

Sabe quando vcs vao definir o layout desse site? Nem agora, nem depois, mas nunquinha...

Anônimo disse...

Independente da orientação sexual, religiosa e político o fato é que todos se amarram em videogames, mesmo os que dizem que não.