A única coisa que parecia importar, naquele momento em que vi meu tio, de volta de sua última viagem, era aquela caixa. Eu me concentrava em seu aspecto, que mostrava o aparelho imponentemente na frente, algo que parecia uma criatura prestes a atacar. Logo atrás, em pequenos quadros, haviam desenhos e fotografias de alegres famílias. Quando ligaram-no, eu mal notei que as cores eram monocromáticas, mesmo sendo a TV colorida, um defeito que vi ao longo de toda minha infância sem saber se era um problema do aparelho ou da TV. Apenas olhava maravilhado para aqueles estranhos sinais na TV, aparentemente controlados pelas pessoas de minha família. Naquele dia, sequer joguei, mas as imagens ficaram em minha mente até a hora em que fui para a cama. Para mim, aquilo tudo significava apenas uma coisa: Meu tio, sabe-se lá como, havia comprado uma caixa de sonhos.
Tratava-se, é claro, de um atari 2600, que para nós brasileiros, chegou um pouco tarde. Enquanto o mundo vivenciava os reflexos do "crash" do mercado de videogames, em 1984, por aqui nós começávamos nossas incursões por esse universo.

Vejo que, como sempre, minha habitual mania de falar sobre eu mesmo fez com que eu perdesse o foco desse post inicial. Eu pretendia, hum, falar sobre caixas. Caixas de consoles. Quem coleciona games sabe que, um console na caixa, pode valer às vezes o dobro de um console loose. E creio que as caixas de videogames exercem um fascínio que vai muito além de sua utilidade de manter o console em boas condições. Pode parecer bobagem, mas, acho que
é difícil explicar aquela sensação que alguns de nós experimentaram e ainda experimentam, enquanto olhavam para essas caixas, notando cada detalhe, observando as fotos daqueles jogos que ainda não possuíamos.
É interessante notar as mudanças no design dessas caixas ao longo dos anos. No início, as famílias alegres. Sempre alegres. Talvez isso fosse uma estratégia da indústria de consoles domésticos para mudar o inevitável "pé atrás" que os pais tinham com relação aos videogames. Os fliperamas eram considerados antros de delinqüentes, lugares feitos para desvirtuar as crianças.
Com o passar dos anos, as imagens de famílias nas caixas foram deixando de existir, passando a ser substituídas, gradativamente, por imagens dos próprios consoles apenas. Acho que, com isso, o videogame foi aos poucos, abandonando de vez suas intenções de ser um entretenimento familiar, passando a ser visto como um jogo freqüentemente controlado pelos pais e, em diversas ocasiões, objeto de inevitáveis conflitos familiares.

O Odyssey 100, primeiro da série de pongs da
Magnavox. já mostrava uma alegre família







do jogo Altered Beast, que acompanhava o console

E o obscuro Philips CD-I

Sega Saturn em um de seus vários modelos

E a caixa mais bonita de todos os tempos, em minha opinião. Aliás, o melhor lugar para um Jaguar é exatamente esse: guardado em sua caixa. Porque fora
dela...
5 comentários:
Eu devo dizer que a foto das famílias sorridentes e felizes foi um apetrecho para que minha ficasse convencida a me dar o meu primeiro Atari 2600.
Srsr
eu devia tatuar essa caixa do jaguar nas costas.
muito bom o texto!!
espero q continuem, agora falando dos consoles 32 bit em diante (é, vai ser dificil falar dos PS, mas..)
Nintendo fan
ah façam um texto semelhante a este, só que com os portateis
afinal, eles tambem são videogames.
Nintendo fan
Eu tive um Odyssey !!!!
Que Saudades do meu passado de Criança, o Atari eu jogava na casa de um amigo, ia lá por causa do game, kkkkkkkkkkkk,
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