quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O fascínio dos 3 botões


Em um dia qualquer do ano de 1991, meus amigos foram até minha casa me chamar, com uma empolgação bem superior àquela costumeira. Iríamos até a praça, onde, segundo eles, haviam instalado uma super pista de mini buggies. Podíamos observar aqueles fantásticos carros e, se levássemos nossas economias, até dar uma volta neles. Lá fomos nós, o dinheiro no bolso, planejando a nossa corrida, imaginando as fantásticas ultrapassagens. Quando chegamos à praça, juntamos o dinheiro, fomos até o responsável pelo local e perguntamos por quanto tempo poderíamos utilizar aqueles carros. Aquele homem mal encarado sequer se prestou ao trabalho de contar o nosso dinheiro, composto em sua maioria por moedas. Simplesmente olhou para nós e nos disse que aquilo não pagaria nem um minuto de corrida.

Saímos do local decepcionados, a cabeça baixa, sabendo que aquele sonho havia chegado ao fim. Pouco comentamos a respeito disso. Talvez exatamente por causa daquele silêncio é que ouvimos os barulhos. Havia uma música, uns efeitos sonoros que, embora familiares, pareciam novos, ao mesmo tempo . Na certa tratava-se de um novo fliperama, era o que eu pensava. A idéia de jogar em novas máquinas me empolgava, embora eu nem sempre tivesse dinheiro para comprar as fichas. Quando entramos no local, verifiquei que não era bem um fliperama. Aquilo era diferente, haviam TV's ali... E foi então que o vi pela primeira vez. Acho que no início fui meio cético, afinal, aquilo não podia estar acontecendo. Mas o 16BIT cravado no aparelho negro provava que ali mesmo, diante de mim, estava aquele que tanto vi nas revistas que folheava diariamente, descobrindo cada novo detalhe, imaginando como seriam as outras partes daqueles jogos para além das screenshots das revistas. Sim, ele estava ali. Eu estava diante de um Mega Drive. Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas foi o bastante para que meus amigos fossem embora sem que nem ao menos eu notasse a falta deles. Eu estava com dinheiro, talvez fosse o bastante para jogar, porém, naquele dia eu, ainda meio bobo com aquela novidade, não jogaria. Dormiria pensando naquilo para que, no dia seguinte, voz e mãos trêmulas, eu perguntasse quanto era o preço para jogar naquelas máquinas àquela moça com quem jogaria Columns mais tarde e que tanto me escutaria quando eu falasse sobre a doença de minha mãe que tanto me preocupava na época.

Lembro-me que o preço me parecia bastante razoável. O dinheiro do lanche, ou parte dele, sustentaria a jogatina. Meu primeiro jogo no Mega Drive foi o Sonic, como foi para a maioria das pessoas. Mas não demorei a descobrir o Golden Axe, jogo que me custou tantas fichas no arcade. Agora, com os "continues", tudo havia ficado mais fácil. Havia também, é claro, Streets of Rage. E Moonwalker. E Super Monaco GP. Pit Fighter, World Cup 92, aquele futebolzinho que era tão bacana. E Altered Beast, que tanto me assustava. Com o tempo, passei a freqüentar diariamente aquela loja e, às vezes, atuava como uma espécie de colaborador, o que me renderia várias horas grátis de jogo.

Bem, o post anterior do Gil veio a calhar para esse aqui. Eu tenho muitos consoles, mas para mim não existe, nunca existiu e nunca existirá nenhum como o Mega Drive. E nem é exatamente uma questão de ser pior ou melhor do que outro, de ter melhores gráficos ou jogos. É principalmente pelo fato de ter sido aquele que sempre povoou meus sonhos (literalmente, eu já sonhei com Golden Axe), pelo fato de muitos jogos terem ultrapassado aquela tênue barreira que fazem dos jogos eletrônicos um simples entretenimento, alcançando um ponto de meu imaginário reservado para aquelas coisas insuperáveis, eternas e inesquecíveis. Acredito que tenha sido assim para muita gente. Certa vez ouvi alguém comentar que o Mega drive havia salvo a sua vida mais de uma vez. Eu não ousei duvidar. Pois bem sei que, se houver um videogame capaz de fazer isso, é esse eterno 16 Bits da Sega.

PS: Nunca tive um Mega Drive durante a minha infância. Hoje eu tenho não um, mas quatro. São esses aí da foto, com a gata. Ainda tem o CDX que não saiu. E ainda quero um Mega Jet, um wondermega, um Nomad e todas essas variações.

13 comentários:

Fábio disse...

Eu tenho lembranças um pouco difusas da primeira vez que fui na Game Mania. Lembro que era uma casa, com um muro baixo. Os video games ficavam onde deveriam ser os comodos, e a cada porta que eu passava, tinha a impressao que encontraria algo diferente, embora quase todas tivessem o mesmo mega. Estava muito tímido na primeira vez, e nao troquei de fita (nao sabia que podia, e aquelas pessoas mais velhas me pareciam os vilões do streets of rage). Fiquei jogando briga de rua até dar calo na mao. Só da segunda vez que me disseram que eu poderia trocar de fita, e me empolguei tanto que não joguei nenhum direito: mal saía do options e ja estava pedindo outra.
Depois de um tempo veio a velha Chaplin Video e o meu vício por Snes. Jogava street fighter desesperadamente, mas nunca passava do Vega. E odiava aqueles caras chatos que ficavam pedindo pra passa-lo pra mim. Engraçado me ocorrer agora que provavelmente voce poderia ser um dos caras para os quais eu pedia fitas na Game Mania, e o Gil um dos viciados que conseguia passar o Vega com o Ryu, na Chaplin. Vai saber...

Gil Nunes disse...

Gente do céu. Que texto mais emocionante é esse?
De fato, o 16 bit é o nosso eterno videogame. Mas uma coisa me chamou muita atenção no seu post: Essa foto do mega na caixa. Porra, vc comprou um completinho e nunca me contou?
Maldito.
E quanto ao Sega CD de gaveta, já está em suas mãos?

Fernando Silva disse...

hahaha

O Sega cd de gaveta está em minhas mãos doidamente e é lindíssimo. Nunca vi algo tão completo e tão belo. Tem todos os folhetos etc.

Quanto ao mega na caixa, eu achei que tinha te contado isso... Eu não comprei, mas ganhei!! hahaha Uma amiga minha que tinha ele guardado até o fim, porque ele tinha estragado e nunca foi arrumado me doou... Na verdade, o problema era só a fonte... Outra nova e está tudo ok... Está lindo não é?

Joanita disse...

Não lembro bem o ano, mas acho que estava na primeira série quando tive meu primeiro contato com uma dessas máquinas fantásticas. Foi na casa do meu vizinho rico. Era um Atari 2600. Fui saber o modelo só depois que cresci, na época não tinha idéia, só sei que me fascinou. Pacman foi meu jogo, lembro que não fui muito bem, mal passei da primeira fase. Mas depois não saía da casa dos vizinhos, várias vezes minha mãe teve que me tirar a força da frente da TV para me levar para casa rsrsrs. Nessa época tive contato só com quatro jogos, o pacman, o policia e ladrão (muito clássico), decathlon e claro enduro, que logo se tornou meu favorito. Depois lembro que eles se mudaram e só fui ter contato com outro console uns três anos depois. Meu pai tinha um amigo e passávamos os fins de semana na casa dele com frequência, foi nessa época que tive meu primeiro contato com o mega drive, claro que meu primeiro jogo foi sonic também, mas ainda joguei algumas vezes golden axe. O filho desse amigo do meu pai não tinha só um mega drive, tinha também um super nintendo, e top gear foi meu primeiro jogo, aliás quase único, viciei demais naquilo, por isso quase não joguei super mario bros e pouco no megadrive também, mario kart um pouco mais. consegui chegar ao fim do amateur e do professional mas não do championship. nunca zerei nada de nenhum jogo, não dava tempo, o que era meio frustante. nunca tive nenhum console quando criança, mas de maneira alguma isso diminuiu meu fascínio por essas máquinas que faziam a gente sair da realidade que nos cercava e entrar quase que literalmente no jogo.

Joanita disse...

Corrigindo:
faziam e fazem até hoje.
^^

Joanita disse...

A Annabel poser quis roubar a cena.
;P

Unknown disse...

Poxa, Fernando! Vc me fez reviver o dia em que vi o Mega Drive e o Sonic pela primeira vez: foi numa locadora, ao ir entregar uns VHSs. Acho q meus olhos brilaharem. Foi muita emoção pra mim. Literalmente sonhei em ter um Mega, até que ganhei o meu num leito de hospital. Meu VG favorito eternamente. Parabéns pelo post. Perfeito!

Gil Nunes disse...

Eu não me conformo com esse mega drive na caixa e seu sega cd ídem.
Gente do céu, não é certo eu não ter essas criaturas tb.
uhahuahuuha
Mas esse vacilo de não ter me contado sobre a aquisição da loucura, foi o maior erro da sua vida.

Gil Nunes disse...

O que me deixa em vantagem é a minha grande capacidade de restaurar esses belos videogames. Aliás, vc nunca encontrará um 16 bits tão bem tratado comos os meus. Isso me motivou a jogar Road Avenger - o maldito jogo que não lembrávamos o nome aquele dia na sua casa Fernando. Srsrs
De quebra, é o preferido do Wallacy.
Eu só sei que meu Mega japonês é o mais belo da terra. Alguém discorda?

Fábio disse...

Eu discordo.
prefiro os mega drives soviéticos.

Fernando Silva disse...

Meu mega drive na caixa também está impecável. Ele passou por um minucioso processo de restauração antes de ir para o plástico.

Mega drive soviéticos? hahaha
A única coisa que a URSS produziu de útil foi o Tetris.

Carol Durce disse...

Nossa, as mais doces lembranças da minha infância passaram todas na minha cabeça... O curto período que fiquei com o Mega Drive de um amiguinho que viajou foi o momento mais feliz das férias de meio de ano de 1991. Obrigada por me fazer reviver toda essas lebranças, aproveito para parabenizar pelo belo blog!!!

Eugeniu Dodonu disse...

em relação aos jogos, nunca tive consola nenhuma, nunca mesmo e mesmo nenhuma, mas sempre quis ter, mas cheguei a conclusão que não vale a pena gastar tempo com isso, o tempo é precioso