segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Uma máquina de elaborar estratégias


A idéia de criar um blog que falasse um pouco sobre o fascínio dos videogames em nossas vidas, não é nova, afinal, projetos é o que não nos faltam. Já fizemos planos de montarmos uma banda, um sebo, de viajarmos juntos (em partes realizamos esse, mas não completamente, afinal, o Fabio – que será mais tarde retratado em outro texto que pretendo dedicar exclusivamente a ele, não esteve conosco), de comprarmos um carro, etc. Portanto, como podem notar, criar projetos é um de nossos passatempos favoritos. Mas como um dia a “maturidade” chega, você se vê encurralado em um beco sem saída do tipo: ou você escala aquela parede lisa ou se joga com tudo em algum abismo. O certo é que esses projetos de alguma forma são desenterrados e finalmente ganham vida. Acredito que para as coisas funcionarem elas precisam de uma dose de impulsividade, se não fosse por isso, eu não teria escrito o primeiro e agora o segundo texto para esse blog. E tudo começou depois que o Fernando finalmente conseguiu comprar o tão desejado Sega CD de gaveta. Tenho certeza que essa foi a dose extra de entusiasmo que precisávamos para colocarmos em prática esse “velho” projeto.

Quem vai ler isso aqui certamente tem alguma ligação com esses incríveis aparelhos eletrônicos que pode-se dizer, é uma máquina de fazer amizade bem eficiente. E me corrijam se eu estiver errado. Querem um exemplo? O outro dono desse espaço conheci através de uma conversa direcionada aos 32 bits. E isso já faz mais de 9 anos. E todos os meus amigos se não são fãs de videogames até os dias de hoje, já foram algum dia criaturas que viviam com um controle na mão e matavam aulas para jogarem top gear ou mortal kombat em algum game de esquina. O fato é que quem me conhece sabe muito bem que não sou um grande jogador. Hoje, atenho-me mais à tarefa de colecionar, o fascínio que esses objetos causam sobre mim, são meramente ilustrativos. Observa-los já me proporciona grande prazer.

O interessante é que até meados dos anos 90, boa parte do que se sabia sobre essas “dóceis criaturas” era de que elas eram responsáveis por estragos causados nos aparelhos de tv, daí a grande necessidade dos pais de comprarem um segundo televisor para que seus filhos pudessem usufruir de todo o prazer que esses aparelhos eletrônicos eram capazes de proporcionar. A partir disso, se os pais não tivessem condições financeiras de comprar um segundo televisor, o negócio era partir para a apelação. E isso, ia desde uma promessa de nota máxima em matemática, até uma chantagem emocional do tipo: Vou me atirar na frente do primeiro caminhão que passar. O certo é que tudo isso nunca passou de uma lenda mesmo. Mas até hoje, minha mãe acredita veementemente que os videogames são os grandes responsáveis por notas baixas e por queima de televisores. E olha que nunca fui de dar trabalho na escola e nunca queimei um televisor com um videogame meu - mas confesso que já matei aula para jogar top gear e International superstar soccer.

Se convencer a minha mãe a ceder sua tv para que eu pudesse jogar videogame era uma tarefa difícil, pedir ao meu avô para vender uma vaca para que então meu sonho pudesse ser realizado, era o mesmo que declarar guerra aos Estados Unidos.

Meu avô fazia o tipo John Wayne que não via outro sentido a não ser o de aumentar constantemente o rebanho bovino. Tentar convence-lo, era desperdiçar tempo. Tratei logo de elaborar uma estratégia: Eu poderia pedir à minha mãe para que o convencesse. Pra isso, ela só teria que contar uma mentirinha. Se ela ia topar não importava, mas eu tinha que tentar. Foi o que fiz. No entanto, a sorte estava do meu lado e eu não precisei recorrer a uma mentira assombrosa para ver meu sonho se realizar. Ela já tinha planos de comprar uma máquina de datilografia, e claro, isso exigiria que uma vaca fosse vendida... Se eu tivesse a sorte de encontrar uma por um bom preço, pegaria o restante do dinheiro e compraria meu tão sonhado Atari. Eu havia sido o escolhido para ser o dono daquela caixa com uma família estampada na frente, uma vez mais a sorte sorria pra mim. Minha tia que era proprietária de uma farmácia, tinha uma “olivetti” portátil que custava a metade do preço de uma máquina nova e grande, e o melhor, estava disposta a vende-la. Foi só convencer minha mãe que eu não precisava de uma máquina melhor do que aquela e dizer que com o restante da vaca, eu poderia ter o meu tão sonhado Atari 2600. Negócio fechado, só tive o trabalho de fazer algumas promessas para minha mãe e correr para a loja e retirar meu fantástico console. Missão cumprida, era hora de encontrar alguém que tivesse jogos, e garimpar pela cidade em busca de fitas, me transformou no “Indiana Jones” de Tucumã.

3 comentários:

Fernando Silva disse...

"Meu avô fazia o tipo John Wayne que não via outro sentido a não ser o de aumentar constantemente o rebanho bovino". HAUHUAHAUHUAHA

Esse lenda dos videogames queimarem as TV's definitamente é o fim!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Pô, Gil! Tadinha da vaca! hehehe! Boa estratégia! Qdo. ganhei meu primeiro Atari, no natal de 1990, o pai o comprou, abriu a caixa, mostrou pra mim e fechou de novo. Disse: "Só no natal." Acontece, q ainda faltava cerca de 1 semana para bendito natal! Grande foi minha aflição naqueles dias. Mas enfim o chegou o grande dia e me diverti muito.